segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CRISTINA COSTA. RESUMO DO CAP. 6. Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber

CRISTINA COSTA. RESUMO DO CAP. VI. Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber



Introdução

O pensamento burguês se organiza tardiamente e quando o faz, já no século XIX, é sob influência de outras correntes filosóficas e da sistematização de outras ciências humanas, como a história e a antropologia.
A Alemanha se unifica e se organiza como Estado nacional mais tardiamente que o conjunto das nações européias, o que atrasou seu ingresso na corrida industrial e imperialista da segunda metade do século XIX.
Devemos distinguir no pensamento alemão, portanto, a preocupação com o estudo da diferença.

A sociedade sob uma perspectiva histórica

O contraste entre o positivismo e o idealismo se expressa, entre outros elementos, nas maneiras diferentes como cada uma dessas correntes encara a história.
Para o positivismo, a história é o processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar sociedades humanas de todos os tempos e lugares.
Essa forma de pensar faz desaparecer as particularidades históricas, e os indivíduos são dissolvidos em meio a forças sociais impositivas.
Para ele, a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. Essa pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativos das fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, que seriam, para Weber, de gênese e formação, e não de estágios de evolução.
O caráter particular e específico de cada formação social e histórica contemporânea deve ser respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a busca de evidências, torna-se um poderoso instrumento para o cientista social.
Weber consegue combinar duas perspectivas: a história, que respeita as particularidades de cada sociedade, e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico.
Weber, entretanto, não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido por si mesma. O método compreensivo, isto é, um esforço interativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas.


A ação social: uma ação com sentido

Seu objeto de investigação e a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria weberiana, significado e especificidade. E ele que dá sentido à ação social, estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação.
A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social.
O caráter social da ação individual decorre, segundo Weber, da interdependência dos indivíduos. Um ator age sempre em função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores.
Ao cientista compete captar, pois, o sentido produzido pelos diversos agentes em todas as suas conseqüências.
Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado.
Pela freqüência com que certas ações sociais se manifestam, o cientista pode conceber as tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.

A tarefa do cientista

O cientista, como todo guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo possível descartar-se, como propunha Durkheim, de suas prenoções.
As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura desvendar. A neutralidade durkheiminiana se torna impossível nessa visão.
Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade na análise dos acontecimentos. Para a sociologia weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem nos indivíduos. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido da ação social.
Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, políticas e religiosas. Nenhuma dessas causas é superior a outra em significância. Todas elas compõem um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta, necessariamente, nos atos individuais.

O tipo ideal

Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares analisados. O cientista constrói um modelo acentuando aquilo que lhe pareça característico ou fundamento. Nenhum dos exemplos representará de forma perfeita e acabada o tipo ideal, mas manterá com ele uma grande semelhança e afinidade, permitindo comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. Constitui-se em um trabalho teórico indutivo que tem por objetivo sintetizar aquilo que é essencial na diversidade das manifestações da vida social, permitindo a identificação de exemplares de exemplares em diferentes tempos e lugares.
O tipo ideal não é um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas nem mesmo qualquer realidade observável. É um instrumento de análise científica, numa construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar na realidade observada suas manifestações. Permite ainda comparar tais manifestações.

A ética protestante e o espírito do capitalismo

A ética protestante e o espírito do capitalismo.
Weber parte de dados estatísticos que lhe mostraram a proeminência de adeptos da Reforma Protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão-de-obra qualificada.
Weber descobre que os valores do protestantismo – como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho – atuam de maneira decisiva sobre os indivíduos.
Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos – valores éticos – propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao “alheamento” e à atitude contemplativos do catolicismo voltados para a oração, sacrifício e renúncia da vida prática.
Alguns dos principais aspectos da análise.
A relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele.
Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adequa facilmente ao mercado de trabalho, acumula capital e o reinveste produtivamente.
Weber analisa os valores do catolicismo e do protestantismo, mostrando que os últimos revelam a tendência ao racionalismo econômico que predominará no capitalismo.
Assim, diz ser o capitalismo, na sua forma típica, uma organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científicos e o surgimento do direito e da administração racionalizados.

Análise histórica e método compreensivo

Influenciada pelos ideais políticos nem pelo racionalismo positivista de origem anglo-francesa.
Mostrou, em seus estudos, a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais.
Descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social.
Estudou ainda, com base em fontes históricas, as relações entre o meio urbano e o agrário e o acúmulo de capital auferido pelas cidades por meio dessas relações

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